segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

DO MITO AO INCONSTESTÁVEL!

"Durantes vários séculos de nossa história, a função dada às nossas mulheres foi a de dona do lar, obediente ao marido e responsável pelo cuidado dos filhos. Segundo Novais e Sevcenko (1998), essa forma de educar nasceu de uma crença que a natureza feminina dotava de uma predisposição biológica pra as funções da vida do lar que consistia em casar, gerar filhos para a pátria e plasmar o caráter dos cidadãos de amanhã. Concordando com os autores, Coelho (1995) afirma que “Ser mulher é ser mãe, ser mulher é ser amada por um homem, este é o modelo da nossa cultura judaico-cristã”.
Dessa forma, a mulher nunca pôde, em definitivo, entrar no mercado de trabalho, realizar tarefas fora do lar ou comandar as despesas da família. Tudo fora de casa estava delegado ao homem. Assim, se ao marido cabia prover a manutenção da família, à mulher restava a identidade social como esposa e mãe, como afirmam Novais e Sevcenko (1998).
O papel secundário dado à mulher durante séculos proporcionou-a encontrar formas de superação diante dessa anulação dentro da sociedade. Inventar novas formas de vestir e de se comportar, foram caminhos encontrados pelo ser feminino de se auto afirmar e de participar da vida social de maneira mais relevante e visível.
Assim, Freud (1933) destaca as três saídas ao ser feminino: “Inibição da Sexualidade”, onde sentindo-se diminuída, abdica da sua sexualidade e entra no caminho da neurose, o que ele chama de impotência psíquica; “Complexo de Masculinidade”, onde a mulher espera conseguir
um pênis para si e se coloca de uma maneira semelhante ao homem imitando seus gestos e gostos; “Desenvolvimento Normal”, no qual as perdas da infância abrem caminhos para a identificação feminina, ou seja, a maternidade. Coelho (1995) resume as teorias de Freud de forma bem simplificada afirmando que existem três saídas para ela (a mulher): desistir da sexualidade, desejar um pênis para si, ou se vestir com a feminilidade... e com isto conseguindo entrar no meio social."

FONTE: http://fido.palermo.edu/servicios_dyc








Quando Freud divulgou as suas teorias, tendo por base o mito de Édipo e outros mitos, estava-se então no "loucos anos 20". Anos marcados pela guerra, pela crise económica e pela emancipação da mulher.

Sendo o psicanalista de origem judaica, onde ainda hoje predomina o patriarcado, não me parece que tenha aceitado muito bem esta busca da mulher em se identificar com o homem, aquilo a que ele chama de "complexo de masculinização". A mulher, aos seus olhos, toma uma imagem "neurótica", por vezes "histérica". Não admira, tendo em conta a opressão que ainda vivia, não esquecendo a TPM, que, na altura não seria, assim o creio,muito bem compreendida. Atrevo-me a dizer que seria mesmo ignorada.


Sendo um especialista da psique humana, Freud pareceu ignorar os muitos anos em que a vontade da mulher foi escrava da vontade do homem. Insiste em dizer que a mulher, no seu inconsciente, se sentiria castrada, e teria inveja do falo do homem, quando na verdade a mulher apenas sentia inveja da posição que o homem ocupava, uma posição a que ela, por ter nascido mulher, não podia aceder. Evidentemente que , para tal, teria de abdicar da sua sexualidade. Teria de se transformar em homem. Eis, então, que ela tenta adquirir os mesmos direitos e os mesmos hábitos que este.


O grande psicanalista, querendo reforçar a sua ideia, afirma que a mulher busca na maternidade a recompensa pelo membro que inveja, mas não pode ter. Ora, como vimos no texto acima, e é sabido por todos, a maternidade era, até então, a única forma de a mulher se fazer reconhecer pela sociedade. Não se trata, pois, da busca de uma recompensa. Trata-se daquilo que lhe é permitido. Tão somente.

Não me parece que em grupos sociais onde a mulher é respeitada tal como ela é, tendo mesmo um papel superior, se encontre uma que seja que inveje o falo do homem e procure na maternidade aquilo que lhe falta. Não tem razões para isso. Já aí se pode ver a diferença.

Cabe, assim, concluir que, pela história da mulher ao longo dos tempos, e pelo pouco que se conhecia da sua fisiologia e da sua psique, se construiu o mito da mulher que busca no filho a extensão do corpo que lhe falta, o falo.


O que Freud não compreendeu, outros o podem fazer, desmistificando a imagem da mãe fusional, que receia perder o membro que conquistou (o filho).


Contudo, nem mesmo ele pôde negar o incontestável:

"Há muito mais continuidade entre a vida intra-uterina e a primeira infância do que a impressionante cesura do ato do nascimento nos permite saber"

(FREUD, 1926).



Fonte: http://www.webartigos.com/articles/37182/1/PSIQUISMO-FETAL-CONSIDERACOES-SOBRE-A-INFLUENCIA-DAS-EMOCOES-DA-MAE-NO-DESENVOLVIMENTO-DO-FETO/pagina1.html#ixzz17KMnEf3z


Nota: entenda-se a "cesura" pelo momento em que se corta o cordão umbilical, no acto do nascimento. Quer isto dizer que o vínculo mãe-filho permanece por toda a vida.



Muitos especialistas relatam que os seus pacientes, por vezes, adoptam uma atitude fetal. Significa que a vivência intra-uterina e da primeira infância é marcada, essencialmente, pela mãe. E é ela -isso também eles não negam- quem faz o pai, através do seu discurso e das suas atitudes. Se o pai é aceite pela mãe, então ele também será aceite pelo filho. Porque este, nos seus primeiros tempos de existência, só vê pelos olhos da sua mãe.

Ela é o seu mundo, o seu primeiro amor.
Deles, e delas também.

Assim, mesmo que a mulher, numa altura da vida, se volte para o pai (num reconhecimento do seu oposto, que lhe servirá de modelo na busca de um companheiro, à semelhança do que acontece com o rapaz em relação à sua progenitora), o seu primeiro amor terá sido a mãe.

E como eu vos disse há dias, num outro post, o primeiro amor nunca se esquece. Acompanha-nos pela vida fora.

Se a inveja do falo é um mito,
o Vínculo Materno permanece incontestável.



Deixo-te estas duas petições:

- MAIS CUIDADOS MATERNOS, POR UM FUTURO MELHOR! em http://www.peticaopublica.com/?pi=P2010N1300

- PELA SALVAGUARDA DOS DIREITOS NATURAIS DE UMA MÃE! em
http://www.peticaopublica.com/?pi=P2009N575


Lê, e assina.


Post-Scriptum - Venho eu a confirmar hoje, dia 7 de Dezembro, aquilo que eu havia dito aqui ontem. Garanto-vos que desconhecia que outros haviam já feito a mesma crítica. Prova de que não sou apenas eu a dizer certos "disparates".



"Uma das mais severas críticas sofridas pelo método psicanalítico foi feita pelo filósofo da ciência Karl Popper. Segundo ele, a psicanálise é pseudociência, pois uma teoria seria científica apenas se pudesse ser falseável pelos fatos.

Um exemplo é a teoria freudiana do "Complexo de Édipo". Freud afirmava que esse complexo era universal, mas com que base de dados chegou a essa conclusão? Na época da formulação da psicanálise, a sua "amostra" era bastante limitada; parte dela vinha de sua experiência subjetiva (a sua "auto-análise" precedendo a publicação de A Interpretação dos Sonhos) e da sua prática clínica, feita na maioria das vezes com pacientes burgueses de uma Áustria vitoriana. Ou seja: uma amostra retirada de contextos bem específicos e que não podem fundamentar a universalidade pretendida pelo autor."

FONTE: Wikipédia

RECUSO-ME A SER BARRIGA DE ALUGUER!!!!!!!!!!!!!


MusicPlaylist
Music Playlist at MixPod.com

Arquivo do blogue