sábado, 20 de novembro de 2010

NO PRINCÍPIO ERA A MÃE. O PAI VEIO DEPOIS.

A cantora inglesa Lily Allen perdeu o seu bébé aos seis meses de gravidez. Esta é já a segunda vez que tal lhe acontece, embora na primeira tenha sido no ínicio da gestação.

Eu pergunto: quem é que está a sofrer mais esta perda, ela ou o companheiro?

Sem sombra de dúvidas que é ela.

Não estou a dizer que ele também não sofre, mas certamente que não na mesma intensidade que ela. Daqui a uns tempos, ele já terá esquecido. Ela não.

Pode até ser que ele estivesse a acompanhar de muito perto a gravidez da companheira, e quisesse mesmo estar presente na altura do parto, à semelhança do que fazem hoje muitos homens, mas nós sabemos que as alegrias e as tristezas (como neste caso) são vivenciadas com mais força por elas do que por eles. Não é difícil perceber porquê.


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O que eu não percebo é porque é que depois do nascimento, se ignora este facto, como se esse tempo -o da gravidez, do parto e os primeiros meses, havendo ou não amamentação- jamais tivesse existido! Se é certo que, à medida que o tempo passa, esse tempo vai ficando para trás, não é certo que ele tenha sido esquecido. Talvez por eles, pois que pouco ou nada lhes diz. Mas não por elas, que o viveram de facto.

Ainda que o cordão umbilical seja cortado no momento do parto, ele permanece para toda a vida. Significa que aquela mãe continua ligada àquele filho, e vice-versa. Fala-se de um cordão invísível, o que jamais será cortado.

Quando uma das minhas filhas faz anos, inevitavelmente eu penso no dia em que eu as pus no mundo. Que o pai esteja ou não, não faz diferença. A mãe, essa, não pode certamente faltar. Ela está sempre presente.Por isso, em cada aniversário, eu festejo também esse momento. Uma mãe nunca esquece.

É costume dizer-se que uma mãe sofre mais porque a sociedade a penaliza, considerando-a desmerecedora. É verdade que assim é, mas não sem razão.
É que a sociedade, ao contrário do pai, não esquece de que foi a mãe quem carregou os filhos, os pôs no mundo e os amamentou. Tal como qualquer outra fêmea da classe dos mamíferos. E, à semelhança do papel que estas têm para com as suas crias, espera que uma mãe se comporte da mesma forma. Se o papel biológico é o mesmo, porque há-de a mãe humana comportar-se de forma diferente para com as suas crias? A sociedade pode até trazer novos valores culturais, mas não esquece os naturais. Não há assim tantas diferenças entre nós e as outras fêmeas, como se pretende. Já Rousseau dizia que a sociedade é que nos corrompe, e não podia estar mais certo, pois, em busca da nossa identidade, nos afastamos mais e mais do que na verdade nós somos.

Das duas uma: ou a sociedade teria de ser cega, para não ver o evidente, ou tudo teria de mudar, coisa que se torna impossível, enquanto o homem for homem e a mulher for mulher. O que é é, e o que não é não é. Não há meio termo.

Se alguém quiser lançar culpas, que culpe então a Natureza. Por alguma razão ela assim determinou, dando a cada o seu papel. Se ela determinasse conforme a nossa vontade -ou melhor, os nossos caprichos- não estaríamos certamente aqui.

Portanto, enquanto a nossa natureza for aquilo que ela é, não me parece que um pai possa alguma vez sentir uma perda ou uma separação da mesma forma que sente uma mãe.

Não me passa pela cabeça dizer que um pai que sofre realmente se está a fazer de vítima.

Também não lembra a ninguém, tenho a certeza disso, de dizer a Lily Allen que não se faça de vítima, neste momento em que a sua dor ultrapassa (ou alguém ainda duvida disso?) a dor do companheiro. Alguém ousaria?!

Não percebo, então, porque ridicularizam as mães que sofrem, dizendo que se fazem de vítimas. Não entendo porque insistem em dizer que a dor do pai equipara-se à dor da mãe. É que não há comparação, meus senhores.

Um pai, o que o é verdadeiramente, sente dor, sim. Ninguém o nega.
Mas uma mãe, a que o é verdadeiramente, sente-a a dobrar.

Um pai, o verdadeiro pai, baba-se com as proezas do filho, mas não há quem se babe mais do que uma mãe! Quem me desmente?

E porquê?


Pela simples razão de que é a mãe que faz o pai, e não o contrário.
Eis a Verdade.

RECUSO-ME A SER BARRIGA DE ALUGUER!!!!!!!!!!!!!


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