domingo, 12 de dezembro de 2010

A FALÁCIA DOS 26-4 E OUTRAS IGUAIS!

Reli, ontem, a página da Associação 26-4.

Abstenho-me de comentar a forma como vem escrita. Retenho-me somente no TOM (faciLmente perceptível), e numa palavra que insistentemente podemos ler nessa mesma página: a palavra DERROTA.

Estes pais dizem-se discriminados por serem homens.
26 dias para a mãe e apenas 4 para o pai representa, para eles, um sinal de discriminação. Uma clara derrota.

Outros dizem -terei visto na página de uma outra associação- que não é certo que um pai que esteja preso possa estar com os filhos uma hora por semana, e que os outros -os inocentes- só os possam ver de 15 em 15 dias.

Se atentarmos melhor, poderemos constatar que estamos perante duas grandes falácias. Basta fazer as contas.

Comecemos, então, pelos famosos 26-4. Dito assim, parece haver, de facto, um desfazamento, privilegiando um sobre o outro (a mãe sendo a privilegiada).

Mas será, realmente, assim?

Considerando uma mãe que trabalha no horário normal (das 9 às 19h) e os filhos que passam boa parte do dia na escola ou na creche, temos que, durante a semana, essa mãe só estará com os filhos qualquer coisa como 5 horas diárias. Isto de segunda a sexta, portanto 5 dias. 5 x 5 dá 25.

Essa mesma mãe passará dois fins-de-semana com os filhos. Considerando que trabalha na manhã de sábado, tiremos 4 horas neste dia. Fica apenas o domingo, com as 24 horas completas. Isto se esta mãe não trabalhar por turnos, podendo-lhe calhar o fim-de-semana todo.

Retomando o exemplo que vos dou (tirando os turnos) temos que essa mãe passa 25 horas semanais com os filhos, às quais se juntam mais 44 horas nos fins de semana que lhe cabem. Isto dá, nas minhas contas, 188 horas por mês. Mais as 4 horas do final de dois domingos (dia em que o pai entrega as crianças à mãe) dá 196.

Passemos agora ao pai. Considerando que este pai também trabalha ao sábado, tirei as mesmas 4 horas. E porque o domingo nem sempre é completo, pois tem que as entregar à mãe, também aqui tirei 4 horas. Sendo dois fins-de-semana, temos, no total, 80 horas.

Em resumo, em vez de se dizer 26-4 (dias), o mais correcto seria dizer 196-80 (horas). Ou seja, visto em horas, a mãe vê os filhos pouco mais do que o dobro de vezes, em relação ao pai. Visto em dias, a mãe consegue estar com os filhos 6 vezes mais do que o pai, acrescido de mais 2 dias.

A diferença, vista em horas, não é assim tão grande. O desfazamento é irrelevante. Portanto, não cola.

Se considerarmos que este pai vê os filhos a meio da semana, regra geral à quarta, temos por aí mais 4 horas para esse pai. 4 x 4 dá 16. Logo, em vez das 80 horas, o pai passa a ter 96. À mãe calhará 180.

180-96 há-de, ainda assim, constituir uma derrota para os pais.
Porque não equilibrar?

Imaginemos, então, que o pai passa a estar com os filhos todos os fins-de- semana. Ganha mais 80 horas, que são tiradas ao tempo da mãe. O que faz 100-176, se não me falham as contas. Se tirarmos as quartas, fica 116-160. Ficaria invertido, privilegiando agora o pai.

Não sou muito boa a matemática, mas penso que as contas andarão por aí. O que conta aqui é perceber que estamos diante de uma boa falácia, como aquela que conta que um pai preso dispõe de uma hora por semana para ver os filhos, contra o outro pai que nada fez e que só vê os filhos de 15 em 15 dias.

Ora o pai preso vê-se confinado a uma sala nas 4 horas que dispõe por mês para estar com os filhos. O outro, aquele que se encontra livre, pode fazer o que quiser com os filhos nas 80 horas que lhe cabem!

Vejam lá a diferença que há de 1 hora contra 4 dias, isto é, 4 horas mensais (para o pai preso) contra 80 horas mensais (para os pais que não se encontram presos)!

As coisas são para ser ditas como elas são, sob risco de parecerem aquilo que não são. E parecendo uma coisa aquilo que não é, temos que admitir que não é mais do que uma outra falácia. Das boas, convenhamos.


Debrucemos-nos sobre o tempo que cabe à mãe, as iniciais 196 horas, particularmente as 5 horas que esta mãe dedica aos filhos de segunda a sexta. Por mais qualidade que a mãe dê a este pouco tempo que tem com os filhos, não supera a qualidade de tempo de um fim-de-semana em que não se tem que acordar cedo e despachar para ir para a escola e para o trabalho, em que os deveres podem ser feitos com mais calma, havendo mesmo lugar para o lazer, de preferência em família.

Eis porque toda a decisão, tendo em consideração o pouco tempo que a mãe passa com os filhos durante a semana, lhe confere dois fins-de-semana, sendo os outros dois gozados pelo pai.

Onde está, então, a derrota, se o pai dispõe de um mesmo tempo de qualidade que é dado à mãe, pois que durante a semana é bem difícil passar um tempo de igual qualidade?

Na verdade, no fim-de-semana que cabe ao pai, ele ganha 40 horas contra as 29 horas da mãe (as tais 25 horas mais as 4 horas que eu ponho no final de domingo, quando os filhos voltam para casa da progenitora).

Bem sei que estar sem ver o pai durante esses 15 dias pode ser difícil quer para este quer para os filhos. Havendo hipótese, não vejo porque não se lhe há-de dar mais abertura, mesmo que isso não esteja no papel.
Muitas mães o fazem. Muitas mesmo.

Mas nem sempre tal é possível, e não é impondo ao outro que se fica a ganhar. Não se pode aprisionar o outro à nossa vontade (eu aqui falo da mãe, que é impedida de se mudar de sítio, sendo que se decide fazê-lo ganha de imediato o rótulo de mãe "doente", "desiquilibrada", "egoísta" e "alienadora").

Um pai que diz "Consegui! Os filhos são meus!" e que pede uma oração pela "doente" da mãe -não vou mencionar quem, mas garanto-vos que o encontrei num site- é um pai derrotado. Contudo, esse pai canta vitória.

Não me parece que a lei do "cá se fazem, cá se paga" seja de gente que diz que faz tudo pelo bem dos seus filhos. Se algumas mães são "doentes" e "desiquilibradas", alguns pais não o são menos.


Mas se ambos -e eu friso AMBOS- forem suficientemente maduros, saberão encontrar a melhor solução para o seu caso. Sem imposições, mas com concessões de parte a parte, dentro das possibilidades de cada um.
Com boa vontade, tudo se faz.

O pai, nos dias que não está com o filho, deve fazer-se presente através de um telefonema ou pelo messenger. Sobretudo, é importante que a mãe o torne presente nas suas palavras e na sua atitude.

Um pai e uma mãe que sejam felizes, e que permitam ao outro a felicidade, são pais autênticos.

Não há vencedores, nem derrotados.
E os filhos serão, certamente, felizes.

Espero que TODAS as mães tenham isto em conta.
E TODOS os pais também.

No Superior Interesse dos vossos filhos.

P.S. Caso ainda tenha um tempinho livre, chamo, uma vez mais, a sua atenção para as PETIÇÕES e para a SONDAGEM que eu tenho na margem direita desta página. Uma assinatura ou um voto podem fazer uma grande diferença.
Porque muitas das decisões que agora se tomam, desdonsiderando as mães, não têm o verdadeiro propósito de atender aos interesses dos filhos. Assine, pois, as minhas petições e, se for o seu caso, vote na sondagem.

RECUSO-ME A SER BARRIGA DE ALUGUER!!!!!!!!!!!!!


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