sábado, 11 de dezembro de 2010

LEI DA GUARDA COMPARTILHADA: UMA LEI DE GENTE MIMADA!

Estava eu agora a lembrar-me do caso daquela mãe que não se pôde mudar para os Estados Unidos com os filhos, para se juntar ao seu actual companheiro (de quem, aliás, esperava um filho, pois que se encontrava grávida).

O tribunal considerou que as crianças precisavam de ambos os pais. Não era bom separá-las do pai, com quem conviviam com frequência, da mesma forma que não seria bom para elas deixar de ver a mãe, com quem elas viviam.

Desconheço se a mãe acabou por ficar, obrigando o seu actual companheiro a vir juntar-se a ela ao Brasil (se é que, de facto, ele podia largar tudo, talvez mesmo outros filhos, para vir ter com a sua companheira, sujeito, também ele, a essa decisão). Desconheço se esta mãe acabou por se juntar ao companheiro, deixando os filhos atrás. Desconheço, mesmo, como ficou esta mulher, vistas as circunstãncias. Desconheço como ficou a relação dela com o companheiro.

Agora eu pergunto:

1º Terá este pai agido bem?

2º Não é também do interesse desta nova criança (acredito que já terá nascido) conviver com ambos os pais e os irmãos, e que todos se sintam felizes?

Em todos os textos que versam sobre a problemática da separação de um casal, e dos conflitos que esta pode originar, há um denominador comum, essencial para que a criança não seja a principal afectada. Fala-se, então, da MATURIDADE DOS PAIS.

Pede-se que pai e mãe consigam suplantar as suas atitudes narcísicas, e conversar com os filhos, no sentido de lhes fazer ver que eles não são de forma alguma culpados pela sua separação, e que um e outro continuarão a amá-los da forma que sempre amaram, aconteça o que acontecer.

Há que lhes explicar que as coisas não serão certamente iguais, mas que ambos farão tudo para os poupar a grandes sofrimentos, ficando garantido o contacto, mediante as possibilidades, com o outro progenitor (aquele que sai de casa).

Aquele pai que diz "NÃO QUERO ver os meus filhos de 15 em 15 dias! QUERO vê-los todos os dias! Guarda Compartilhada JÁ!" não revela a mesma maturidade que aquele que diz "Eu estou bem e feliz, se os meus filhos estiverem BEM e FELIZES, e eu puder estar com eles TANTAS VEZES QUANTO AS QUE FOREM POSSÍVEL".


Um pai que diga à sua ex-mulher, mãe dos seus filhos, que pode ir para onde bem queira, mas que estes permanecem com ele, e que não autorize a sua saída do país, revela, haveis de convir, uma atitude narcísica.
Meter uma pessoa entre a espada e a parede não me parece uma atitude muito madura. Não é de gente que se diz responsável.

No meu caso, em particular, tanto o meu ex-companheiro como o meu actual companheiro são oriúndos da mesma localidade. Dir-se-ia que temos tudo para estabelecer um modo de guarda compartilhada, ficando a minha filha mais velha a ganhar, pois que beneficiaria de um maior convívio comigo e com a sua (única) irmã.

Contudo, o meu ex sempre soube que eu não gostava de viver ali. Isso não o impediu, na altura da nossa separação, de me pedir insistentemente que eu ficasse, porque a menina também era filha dele. Coisa que eu fiz, aguentando dois longos anos, que me levaram a um estado depressivo.

Antes que o meu estado se agravasse, resolvi mudar-me. Não fugi, pois que ele estava informado dessa minha decisão. O resto da história, vós já conheceis (ler o meu perfil).

O meu actual companheiro sabe de tudo isto. Sabe que não tenho qualquer intenção de voltar a viver nesse lugar.

Entendo que a felicidade das minhas filhas não passa principalmente pela minha presença, mas por me verem psicologicamente bem e feliz. A minha mais velha não me vê tantas vezes quantas gostaria -por força de uma decisão que, ainda por cima, foi contrária aos desejos dela- mas vê-me em muito melhor estado do que aquele em que me via em outros tempos.

Não me parece que ver-me todos os dias em estado depressivo, talvez mesmo internada num hospital psiquiátrico qualquer, seja do seu Superior Interesse.

Se, porventura, o meu actual companheiro me faz o mesmo que o anterior, exigindo que eu vá viver para a terra dele, coisa que eu me recusarei terminantemente a fazer, quem de nós estará a ser egoísta? Eu, que velo pela minha saúde, por forma a que as minhas filhas sejam felizes, ou ele, que vela pelos seus interesses?

Como pode uma pessoa, que aje segundo os seus interesses, impingindo ao outro aquilo que ele sabe que irá prejudicar essa outra pessoa, educar os filhos? Não serão estes os maiores prejudicados?

No momento em que um pai souber escutar e compreender o outro, sem lhe fazer qualquer tipo de imposições, e ambos souberem transmitir a confiança aos filhos, respeitando a vontade destes e garantindo que ambos, pai e mãe, estarão presentes na sua vida -nos dias de hoje, com meios de transporte e tecnológicos à disposição, não há nada que, com boa vontade, não se faça-, mesmo que a presença de um não seja proporcional à do outro (há muitas formas de se fazer presente, mesmo estando ausente, até mesmo através das palavras do progenitor que tem a guarda, ao lembrar aos filhos o quanto o outro os ama), aí sim, teremos pais realmente maduros e responsáveis.

Ora, até onde me é permitido compreender, a lei da guarda compartilhada não reflecte -bem pelo contrário- esta atitude. Parece-me mais uma lei de meninos grandes mimados, habituados a terem tudo o que querem. Uma lei de gente narcísica e imatura.


Sem dúvida um reflexo dos nossos tempos.






SUGESTÃO:

Aconselho a leitura de um blog que eu acabo de descobrir.
http://pugnacitas.blogspot.com/2010/11/lei-cria-nova-doenca.html

(encontrei lá a resposta de um certo senhor que se dignou também a responder-me há dias, embora comigo não tenha sido tão "simpático")

RECUSO-ME A SER BARRIGA DE ALUGUER!!!!!!!!!!!!!


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