domingo, 5 de junho de 2011

SÃO INCONGRUÊNCIAS A MAIS...

Entre as mensagens que me foram enviadas estava a de um senhor que me perguntava se eu defendia que a criança ficasse sempre com mãe, salvo os casos em que esta não revele capacidades ou condições. Respondi-lhe que era exactamente isso que eu defendia, salvo excepções, entre as quais o não ser da vontade da criança (vontade que, frisei, devia ser respeitada).

Perguntei-lhe se porventura teria coragem de arrancar uma cria qualquer de junto da sua progenitora, sem qualquer motivo que o justificasse, para a pôr junto do progenitor.

Esta foi a sua resposta:




Viva Sara,

Na natureza, onde isso se pratica (e até há poucos séculos de forma generalizada na nossa espécie), pratica-se também o infanticídio e o estupro. São fenómenos naturais, e por isso não sou especialmente sensível ao argumento de "vem da natureza, tem de ser bom". Acho que é frequente na natureza (e nas civilizações menos desenvolvidas) a fêmea ficar (não por decisão, mas por condicionamento social) com muito mais ónus no acompanhamento e cuidado da criança do que o macho, e em contrapartida ser castrada profissional e socialmente noutros aspectos (tipicamente, os patrimoniais ou de poder).
Felizmente afastámo-nos disso. Provavelmente não quer que as suas filhas vivam num mundo assim. Além disso, é muito importante para todos os filhos ter os dois pais, desde que os dois estejam dispostos a estar presentes e dar afecto e cuidado à criança. Violar essa necessidade da criança por vontade de um dos pais (ou, pior, porque é essa a tradição) parece-me bárbaro.
(...)










[não sou especialmente sensível ao argumento de "vem da natureza, tem de ser bom"]




Nunca ninguém disse que a natureza era perfeita. Algumas fêmeas são, de facto, forçadas a ter relações (isso acontece também na nossa espécie, principalmente nas civilizações MAIS DESENVOLVIDAS), razão pela qual algumas fêmeas -não todas- acabarão por abandonar as crias, que, desprotegidas, acabam por morrer. O infanticídio existe, sim, embora sejam mais os machos e algumas outras fêmeas a cometê-lo. São casos excepcionais que não justificam que se altere a ordem das coisas. Tanto assim é que essa ordem ainda permanece.






[Acho que é frequente na natureza (e nas civilizações menos desenvolvidas) a fêmea ficar (não por decisão, mas por condicionamento social) com muito mais ónus no acompanhamento e cuidado da criança do que o macho]




Estamos, portanto, a falar de mamíferas. Que, regra geral, vivem sozinhas ou em grupos constituídos apenas de fêmeas, numa espécie de sociedade matriarcal. São elas que afastam as crias machos, quando estes estão suficientemente grandes para serem independentes, por forma a evitar que eles copulem com as próprias irmãs ou mesmo com elas. Diz-me então o amigo que elas não o fazem por natureza, mas por imposição social!


Admira-me que não tenha referido os casos em que são os machos a cuidar das crias, raros entre os mamíferos, mas frequentes entre as aves e os peixes. Já se perguntou porque razão eles o fazem? Talvez seja, como o amigo diz, por imposição social...


Ora os casos em que são os machos a cuidar das crias, ou em que ambos os progenitores se encontram envolvidos nesses cuidados, se devem tão somente a um propósito: a preservação da espécie, garantindo a sobrevivência do maior número de crias. A fêmea, assim que deposita os ovos (falamos ainda de aves e peixes,claro) fica liberada para voltar a procriar.


Felizmente nós não somos nem aves nem peixes, nem temos que nos comportar como tal. E não é, volto a insistir, porque somos humanos e estamos no século XXI que havemos de presumir que as nossas crias (as humanas) não têm as mesmas necessidades que as outras crias de mamíferos. Nenhum macho se atreveu a alterar a ordem natural das coisas. À excepção do macho humano. E diz ele (o macho humano) que não é machista...


Na natureza, as fêmeas dão à luz em total privacidade (o macho não assiste ao parto das crias que, aliás, também são deles) e são elas que maioritariamente ou exclusivamente cuidam das crias. Nas sociedades MAIS DESENVOLVIDAS, pelo contrário,o homem assiste ao parto e até corta o cordão umbilical (na natureza é a própria fêmea que o faz), e muitos são os que "compartilham" os cuidados com os filhos. Alguns até se designam "papas ao foyer".

Qual destes comportamentos é natural, e qual o condicionado?
É certo dizer que esta mudança de comportamento de homens e mulheres deriva de uma evolução natural?
Ou não serão estes novos comportamentos condicionados pela sociedade, que exige uma mudança?






[ é muito importante para todos os filhos ter os dois pais]




E ninguém aqui diz o contrário, ainda que as leis permitam que um filho nunca chegue a ter mãe (quando vive com dois homens) ou que não tenha pai (quando vive com duas mulheres).


Mas mais importante ainda é perceber as necessidades dos nossos filhos, perceber o mal que lhes fazemos quando o SEPARAMOS da progenitora em idades muito precoces, ou quando OBRIGAMOS esta (a mãe) a permanecer num lugar que a deprime (de que serve a um filho uma mãe deprimida?), e quando esta não aceite ficar, os SUJEITAMOS -mãe e filho- a uma separação demasiado dolorosa, quer para um quer para o outro. Isso, sim, é que é IMPOSIÇÃO.


E tudo o que é imposto não se faz por gosto, e só traz desgosto.
Principalmente àqueles a quem pretensamente queremos fazer bem, no seu Superior Interesse.


"Um pai pode estar num país e o outro noutro. Não impede que as coisas possam dar certo, e que um filho seja feliz. Com boa vontade, tudo se faz!", dizia-nos uma juíza (sim, era uma mulher, e depois?!), a mim e ao meu ex.


Com boa vontade, de parte a parte.
Não com a vontade de um sobre a vontade do outro.


Paz e Amor aos homens e mulheres de boa vontade:)

RECUSO-ME A SER BARRIGA DE ALUGUER!!!!!!!!!!!!!


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