sábado, 13 de novembro de 2010

TODOS OS HOMENS PENSAM NA SUA MÃE

Acabo de saber hoje, dia 14, que o Afonso, esse menino de que vos falei há dias,admirando a força e a coragem dos pais, não resistiu. Partiu no dia 3.
Eu tinha trazido antes este poema de Fernando Pessoa (já o tinha colocado aqui, embora tenha iniciado o post ontem, dia 13), que passa a ser dedicado a este menino, e a todos os outros anjinhos. Um abraço para todos os pais e para todas as mães que passaram por essa experiência. Tivesse eu um pouco da sua força e da sua coragem, pois não é fácil para nenhum pai (muito menos para uma mãe) ver um filho seu partir assim!

Parecem coisas de coincidência, mas eu falei do menino precisamente no dia em que veio a falecer, no meu post O MEU NOME É SARA! Eu não o sabia...

Os meus pêsamos aos seus pais, Graça e André Couto. O meu pensamento está convosco.


O MENINO DE SUA MÃE

No plaino abandonado
Que a morta brisa aquece,
De balas traspassado
- Duas, de lado a lado -,
Jaz morto, e arrefece.

Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.

Tão jovem! Que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
"O menino da sua mãe".

Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.

De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.

Lá longe, em casa, há a prece:
"Que volte cedo, e bem!"
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.

FERNANDO PESSOA





Reflexão:

Este poema foi escrito para poder ser visto de modo metafórico, a representação do próprio poeta que sabe ser impossível o regresso ao ventre materno, porque a infância ficou para trás, inevitavelmente perdida, ideia que pode relacionar-se com a temática pessoana “a nostalgia da infância” – a época de ouro, da felicidade inconsciente, para sempre perdida, que contrasta com a situação presente caracterizada por consciência aguda que provoca no poeta a sensação de desconhecimento de si mesmo, a perda de identidade.

O sujeito poético neste poema fala também da cigarreira dada pela sua mãe e o lenço dado pela alma que o ajudou a criar, são representações do seu passado de “menino” que viveu junto a quem o amava.









Facto é que, em momentos de dificuldade ou perante a morte, nos vem sempre a imagem da mãe, ou de quem nos criou:




"(...)

Quando estamos em dificuldades, todos, homens ou mulheres, sempre pensamos em nossa mãe, pelo menos na Índia. Havendo um problema, pensamos na mãe. Quando estamos doentes ou em apuros, dizemos: “Amma!” Não importa a idade. O homem chama pela sua mãe, mesmo aos 80 anos, não pela esposa, nem pelos amigos, infelizmente nem mesmo pelo seu pai. Porque os pais geralmente estão ocupados com suas próprias ambições, com suas próprias existências, com a construção de seus próprios impérios, com nações para governar, tantas coisas – seus egos. Mas as mães, essas pobres criaturas, sempre dedicadas, muitas vezes não são nada. Na Índia, a mãe freqüentemente é analfabeta, no entanto ela é a síntese de tudo que é gentil, de tudo que é amor e, de certo modo, é a fonte do nosso bem-estar.

Eu li um livro sobre o grande mestre de sitar, Amjad Ali Khan, no qual ele diz: “A voz da minha mãe foi a primeira música que ouvi.” É verdade: para um músico, é a primeira música que ele ouve. Para o apaixonado, são as primeiras palavras de amor. Para alguém que busca Deus, são as primeiras palavras do Guru. Eu acredito que só existem duas vozes às quais devemos dar ouvidos: à voz da mãe que diz: “Meu filho (ou minha filha) seja afetuoso, gentil, compassivo, misericordioso, compreensivo.” Mas quando somos jovens, tentamos imitar o machismo do pai – seu orgulho, sua arrogância, sua cobiça, sua necessidade de construir, de presidir, de governar – todas as nuanças da ação do ego.

(...)"

FONTE: http://www.srcm.org/language/portuguese/pn_9.html


Ora aí está porque eu digo sempre que, mesmo que se corte o cordão umbilical, ele permanece para a vida!





Alain Souchon conta que numa dada altura em que fazia esqui com o irmão, tinha ele já 30 anos, teve um acidente e pensou que ia morrer. Nesse momento só lhe veio uma palavra à boca: "MAMAN!" (ver o primeiro vídeo).

Felizmente foi um acidente sem grande importância, mas ele recordou-se desse momento, e compôs "Allô maman bobo!" (ponho-vos aqui a letra e a música na sua íntegra no 2º vídeo).

ALLÔ MAMAN, BOBO!

J'march' tout seul le long d'la lign' de ch'min d'fer
Dans ma tête y a pas d'affair'
J'donne des coups d'pied dans un' ptit' boîte en fer
Dans ma tête y a rien à faire
J'suis mal en campagn' et mal en vill'
Peut-être un p'tit peu trop fragil'

[Refrain]
Allô Maman bobo
Maman comment tu m'as fait j'suis pas beau
Allô Maman bobo
Allô Maman bobo

J'train'fumée, j'me r'trouv' avec mal au cour
J'ai vomi tout mon quatre heur'
Fêt', nuits foll's, avec les gens qu'ont du bol
Maint'nant qu'j'fais du music hall
J'suis mal à la scène et j'suis mal en vill'
Peut-être un p'tit peu trop fragil'

[Refrain]

Moi j'voulais les sorties d'port à la voil'
La nuit barrer les étoil's
Moi les ch'vaux, l'révolver et l'chapeau d'clown
La bell' Peggy du saloon
J'suis mal en homme dur
Et mal en p'tit coeur
Peut-être un p'tit peu trop rêveur

[Refrain]

J'march' tout seul le long d'la lign' de ch'min d'fer
Dans ma tête y a pas d'affair'
J'donne des coups d'pied dans un' ptit' boîte en fer
Dans ma tête y a rien à faire
J'suis mal en campagn' et mal en vill'
Peut-être un p'tit peu trop fragil'




DO MATRIARCADO AO PATRIARCADO!

Na sequência do que tenho vindo a falar, eis que me pus a pensar. Será que sempre predominou o patriarcado? Será que, em alguma altura, estivemos mais próximos da nossa verdadeira natureza? Será que já estivemos mais próximos da verdade?


Eis o que diz um dos textos que eu encontrei:


Idade Média

Ciências Humanas e suas Tecnologias.


Do matriarcado ao patriarcado

Reprodução


Adão e Eva, de Albrecht Dürer. Nascida da costela de Adão, a mulher aparece na Bíblia sem nenhum poder.

"No princípio era a Mãe. O verbo veio depois". A frase da pensadora feminista norte-americana Marilyn French refere-se à passagem da cultura matriarcal para a patriarcal. O nascimento da agricultura e a definição dos territórios tribais levou ao acirramento das disputas e das guerras. As concentrações humanas cresceram organizadas em torno da produção de alimentos e das lideranças guerreiras que lhes davam proteção. Essa mudança levou à queda das deusas e à criação dos deuses – fortes, guerreiros, conquistadores. A saga de Conan, levada para o cinema, nos dá uma idéia de como eram esses tempos. Os textos bíblicos também lembram essa época: a mulher obedece e serve. É mãe, cortesã ou prostituta e não tem poder político. Nas sociedades ocidentais, os deuses acabam dando lugar a um só deus, matriz das três principais correntes religiosas do mundo atual: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. A mulher passa para um segundo plano.



Segundo a Bíblia, Deus criou a Terra e todos os seres que nela habitam. Também fez Adão, à sua imagem e semelhança. Da costela de Adão, fez Eva. Em outras palavras: o primeiro homem deu à luz a primeira mulher. O que antigamente era a função sagrada do feminino passa a ser do masculino. A mulher, de criadora, torna-se criatura.


Também achei interessante este texto:


Mutações da sexualidade feminina – Uma introdução ao matriarcado


Por Géssica Hellmann

Abordar, de forma introdutória, a história da sexualidade, do comportamento humano, das relações de gênero, nos primórdios da humanidade, é o meu objetivo no presente artigo. Estudar o matriarcado é conhecer a história feminina, uma história que pode mudar a visão de como as mulheres se vêem e como a sociedade as projeta.


Como eu me vejo por Géssica Hellmann

Sanz (2007), em sua extensa pesquisa sobre os escritos de Bachofen, afirma que ele foi o grande iniciador dos estudos sobre as origens do matriarcado, da “cultura ginecocrática” na antiguidade. Pensador e investigador do século XIX, docente colega de Nietzsche, Bachofen distinguiu três momentos importantes na constituição do período matriarcal no passado grego e sua passagem para o patriarcado:

- Primeiro estágio: Dominado pela deusa Afrodite, a vida se encontrava então em plena de símbolos do feminino e da natureza. O direito natural que prevalece aqui é o da fecundidade. Da terra, sua capacidade criadora. A terra é a grande mãe.

- Segundo estágio: Predomina o culto à deusa Deméter, na qual o feminino aceita a mediação do matrimônio num plano social e na agricultura como uma forma essencial, contudo, em unidade com a natureza.

- Terceiro estágio: Triunfo de Apolo, o deus-sol. Aqui inicia-se o predomínio masculino e o desprezo ao feminino, produzindo-se, assim, a passagem do sistema matriarcal para o patriarcal. A sociedade patriarcal privilegia o racional, a individualidade, a guerra, a autoridade, a dominação.

Segundo a autora, Bachofen “converte” sua investigação em uma antropologia histórica das representações simbólicas que configuram a memória coletiva de um povo e, em ultima instância, sua identidade.

Seguindo a linha dos antropólogos evolucionistas, Morgan defendeu, ao estudar as tribos dos Iroqueses, a visão de que as relações de parentesco eram matrilineares. Afirmou também que, na sucessão para a filiação patrilinear, depois do aparecimento da propriedade, o parentesco passou a ser constituído por um homem, considerado o antepassado comum, pelos seus filhos, pelos filhos dos seus descendentes masculinos e assim sucessivamente. (Morgan, 1976)

Na opinião de Götner-Abendroth (2007), o trabalho de Bachofen situa-se no campo da história das culturas e encontra-se em paralelo perfeito com o trabalho de Morgan no campo da antropologia/etnologia. Mas a crítica avaliou muito diferentemente o trabalho desses estudiosos: Morgan foi considerado o pai da etonologia/antropologia; já a Bachofen, não foi-lhe dada a devida importância.

Segundo a autora a razão é simples: “se fosse feito um exame minucioso de seu trabalho, isso causaria o começo da ruína da visão patriarcal, da ideologia e do mundo. Marca o início do desenvolvimento de um novo paradigma da história humana: por isso é tão “perigoso” estudá-lo adequadamente”.

Götner-Abendroth (2007) afirma que, por mais importante que tenham sido – e o foram realmente – os primeiros textos sobre o matriarcado, foram escritos por homens que viviam e estavam completamente inseridos em uma sociedade machista e patriarcal. O trabalho da autora, assim como de outros contemporâneos, procura revisar o conhecimento sobre a estrutura do matriarcado numa visão menos preconceituosa.

Para Bachofen, as sociedades humanas, em seus primórdios eram, seguramente, sociedades matriarcais. “As mulheres”, assegurou, “dominavam o mundo de então” (Existiu, 2007).

Götner-Abendroth (2007) discorda do termo “dominar”, ela reformula o próprio siginificado do termo matriarcado: “Nós não somos obrigadas a seguir a noção machista do termo matriarcado significando: dominação pelas mães”. A autora afirma que a palavra grega “arché” tem um duplo sentido, significa tanto “começo” quanto “dominação”. A definição mais precisa de matriarcado seria então: “as mães do princípio”, enquanto o patriarcado, por outro lado, seria traduzido corretamente como “domínio dos pais”. Segundo a autora, a redefinição do termo matriarcado tem relevância política, pois ele não evita discussão com colegas profissionais e com a audiência interessada.

Como a sociedade matriarcal era estruturada, social, cultural e economicamente? Götner-Abendroth (2007), em suas pesquisas, procura responder a essas questões:

- No nível econômico, são sociedades em sua maioria agrícolas. As tecnologias agrícolas desenvolvidas vão desde simples jardinagem (horta) à uma agricultura completa com arado (no começo do Neolítico) e, finalmente, aos sistemas de grandes irrigações das primeiras culturas urbanas as mais adiantadas. Os bens não são acumulados por uma pessoa ou por um grupo específico, a sociedade é igualitária e não-acumulativa. Cada vantagem ou desvantagem a respeito da aquisição dos bens é mediada por regras sociais. Por exemplo, nos festivais da cidade, os clãs mais ricos são obrigados convidar todos os habitantes. Organizam o banquete, no qual distribuem sua riqueza para ganhar a honra.

- No nível social, o parentesco é matrilinear, no qual todos os títulos sociais e políticos são transmitidos através da linhagem materna. Este tipo de matri-clã consiste pelo menos em três gerações das mulheres – a clã-mãe, suas filhas, seus netas – e os homens diretamente relacionados – os irmãos da mãe, de seus filhos e de netos. As mulheres vivem permanentemente e nunca saem da casa do clã de sua mãe, quando se casam. A isso se chama matrilocalidade. As mulheres têm o poder de controlar as fontes nutrição: campos e alimento. Os clãs são auto-suficientes e se relacionam com outros clãs através da união do casamento. Esse casamento não é uma união individual, mas uma união comunal que conduz ao matrimônio comunal. Por exemplo, os homens novos da casa do clã A são casados à casa do clã nova B das mulheres, e os homens novos da casa de clã B são casados às mulheres novas na casa de clã A. Isto é chamado uma união mútua entre dois clãs em uma aldeia matriarcal. Os homens jovens, que saíram das casa de suas mães após seu casamento, não têm que ir muito longe. Realmente, ao anoitecer vão à casa vizinha, onde suas esposas vivem, e voltam muito cedo – no alvorecer. Os homens matriarcais nunca consideram os filhos de sua esposa como seus, porque não compartilham de seu nome de clã. A paternidade biológica não é conhecida, nem a ela se dá atenção. Os homens matriarcais cuidam de seus sobrinhos e sobrinhas num tipo de paternidade social. Mesmo o processo de tomada de decisão política é organizado ao longo das linhas do parentesco matriarcal. Os delegados de cada casa de clã encontram-se com no conselho da aldeia, onde todos os assuntos são discutidos. Estes delegados podem ser as mulheres mais velhas dos clãs (as matriarcas), ou os irmãos e os filhos que escolheram para representar o clã. Nenhuma decisão a respeito da aldeia pode ser feita exame sem o consenso de todas as casas de clãs. Um fato importante: os delegados, que estão discutindo a matéria, não são aqueles que tomam a decisão, os delegados possuem a função simplesmente de porta-vozes.

Pessoas que vivem em uma determinada região tomam decisões na mesma maneira: os delegados de todas as vilas encontram-se com para trocar as decisões de suas comunidades. Em contraste aos erros etnológicos freqüentes feitos sobre estes homens, elas não são os “chefes” pois não depende deles a decisão. A decisão é tomada em nível regional, um consenso entre todas as casas de clãs. Conseqüentemente, do ponto de vista político, as sociedades matriarcais são sociedades igualitárias ou sociedades do consenso. Exatamente neste sentido, estariam livres de dominação, desprovidas de uma classe de dominadores e uma classe excluída, isto é, não possuem os aparelhos repressivos necessários para estabelecer a dominação.

- No nível cultural, é preciso esclarecer que não são sociedades caracterizadas por “cultos à fertilidade”, mas que desenvolveram complexos sistemas religiosos. O fator comum seria crença no renascimento, não como a idéia abstrata da transmigração de almas, mas em um sentido muito concreto: todos os membros de um clã sabem que, após a morte, vão renascer – por uma das mulheres de seu próprio clã, em sua própria casa de clã, em sua aldeia natal. As mulheres em sociedades matriarcais são grandemente respeitadas, porque elas garantem o renascimento. Assim como na natureza, cada planta, resseca no outono e renasce na próxima primavera, a terra é a grande mãe que concede o renascimento e a nutrição a todos os seres. No cosmos e na terra, os povos matriarcais observam este ciclo da vida, da morte e do renascimento. De acordo com o princípio matriarcal da conexão entre o macro-cosmo e o micro-cosmo, vêem o mesmo ciclo na vida humana. A existência humana não seria diferente dos ciclos da natureza, mas seguiria as mesmas regras. Da perspectiva matriarcal, a vida traria a morte e a morte traria a vida, cada coisa em seu próprio tempo. Da mesma maneira, a fêmea e o macho também seriam uma polaridade cósmica. Nunca ocorreria a um povo matriarcal considerar o outro sexo como mais fraco ou inferior ao outro, como é comum em sociedades patriarcais.

“O grande mérito destas obras, publicadas nas décadas de 1870 e 1880, foi a constatação de que a família tinha história e que, ao longo dos séculos, tinha conhecido várias formas. A família monogâmico-patriarcal era apenas uma delas. Conclusão: o poder masculino e a submissão da mulher não eram eternos, como diziam as religiões e as pseudociências racistas e sexistas da época” (Buonicori, 2007).

Segundo Buonicori (2007), Engels afirmaria que a monogamia teria sido fundada sob a dominação do homem com o fim expresso de procriar filhos duma paternidade incontestável, na qualidade de herdeiros diretos. Mas somente ao homem, garantido pelos costumes, é concedido o direito da infidelidade conjugal, já a mulher infiel é punida severamente pela sociedade.

Em outras palavras, podemos afirmar que, com a monogamia, instituiu-se a prostituição e o adultério. A mulher é condenada caso não aceite a condição monogâmica, enquanto o homem pode carregar uma “leve mancha moral” mas, ainda assim, é aceitável, até nos dias de hoje, principalmente pelas próprias mulheres, que o homem se relacione com prostitutas.

Pensamos agora na neurose coletiva, que tanto abordamos nos últimos artigos, ou nos indivíduos normopatas, como diz Gaiarsa, ou nos Zés ninguéns, como prefere Reich. Ao reprimir a sexualidade, ao criar esta idéia do “sexo frágil”, da “inferioridade feminina”, defendida durante séculos por estudiosos do comportamento humano e da sexualidade, ao negar o feminino proclamando um único Deus masculino, ao negar a sexualidade sadia de Cristo, ao tornar Maria um ser assexuado – ao fazer tudo isso, a quem estamos agredindo, a não ser a nós mesmos? O que tanto tememos? A liberdade? A felicidade?

Com o advento da sociedade patriarcal, com o casamento monogâmico, criamos o quê? Guerras, genocídios, a negação do prazer e da felicidade. Por isso considero importantíssimo um mergulho no passado, em nossos ancestrais mais longínquos: a sociedade matriarcal. É preciso entender o a estrutura, esse processo de transformação: da sociedade matriarcal para a patriarcal e todas as suas conseqüências.

Bibliografia:

Buonicori, Augusto C. Engels e as origens da opressão da mulher. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/070/70esp_buonicore.htm. Acessado em 10/08/2007.
Existiu o matriarcado? Disponível em: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/matriarcado4.htm. Acessado em 10/08/2007.
Götner-Abendroth, Heide. Matriarchal society: definition and theory. Disponivel em: http://www.hagia.de/documents/position.pdf Acessado em: 01/07/2007
Morgan. Lewis H. A sociedade primitiva. Volume I, 2 ed, Editorial Presença Lisboa Portugal, Martins Fontes Brasil, 1976.
Sanz, Marta Silvia Dios. El matriarcado. Disponível em: http://www.temakel.com/texmitmatriarcado.htm. Acessado em 10/08/2007.


E como é, no Reino Animal?


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15/08/07 - 20h06 - Atualizado em 15/08/07 - 20h06


Fêmeas dominam machos entre mamíferos
Eles tentam impressioná-las com as regras que elas estabelecem.
Machos são capazes de abandonar seus grupos, se for para satisfazê-las.

Um estudo de pesquisadores do Reino Unido e da Alemanha demonstrou que os mamíferos machos tentam impressionar as fêmeas seguindo as regras que elas próprias estipulam para selecionar seus companheiros.



Os cientistas destacam, em artigo da revista científica britânica "Nature", que os machos tentam seguir sistematicamente as ordens de suas companheiras. Eles seriam até mesmo capazes de abandonar seus clãs, se acharem que, com isto, podem agradar as fêmeas e conseguir se reproduzir.



De acordo com os pesquisadores, a regra entre as fêmeas mamíferas é evitar os machos que eram membros de seu grupo quando elas nasceram, e dar preferência aos que imigraram ao seu clã ou nasceram nele depois delas.



Os cientistas explicam que este procedimento evita que as fêmeas tenham que discernir se seu pretendente é parente próximo ou não, na hora de reproduzir. O resultado, como afirma o artigo, é que os machos acabam realizando uma diáspora, saindo de seus clãs de origem e indo a outros para ter mais possibilidades de chamar a atenção das fêmeas.



Para fazer essas descobertas, os pesquisadores realizaram um estudo com dados demográficos das hienas da cratera de Ngorongoro, na Tanzânia. Os cientistas afirmam que o resultado desta pesquisa pode ser aplicado aos demais mamíferos que vivem em grupos.



"Ao todo, 11% dos machos começaram sua corrida reprodutiva em seu grupo natal, ao tempo que 89% se dispersaram", afirmam os especialistas. Eles dizem, ainda, que a maioria dos machos que seguiram as regras femininas preferiu um clã em que houvesse abundância de fêmeas jovens.



"Aqueles que começaram sua experiência reprodutiva em grupos com um maior número de fêmeas jovens tiveram um êxito reprodutivo mais durável que os que o fizeram em outros grupos", acrescentam.



Neste sentido, os pesquisadores afirmaram que as jovens hienas preferem machos recém-chegados a seus grupos em relação aos mais velhos no clã, que são os mais procurados pelas fêmeas mais velhas e que desfrutam de um melhor status.



"A hiena é um grande carnívoro que vive em grupos sociais ou clãs nos quais as fêmeas dominam socialmente os machos. Muitos machos se dispersam, enquanto poucas fêmeas o fazem", explicam os especialistas.


Entende-se, por este texto, que as regras das fêmeas não seguem o capricho destas, mas algo que elas entendem ser o melhor. Elas sabem o que fazem.

Tal como as progenitoras, em relação às crias. Elas sabem o que fazer, e quando as devolver à natureza, nem que estas tenham que ser empurradas. Tanto crias fêmeas (que costumam ficar mais tempo com a mãe) como as crias machos são exclusivamente cuidadas pela progenitora, e nunca vi nenhuma sofrer efeitos negativos na sua identidade, sendo que as fêmeas agem como fêmeas (mas não como inferiores) e os machos como machos. Nenhuma dessas crias sai, assim me parece, traumatizada pela predominância dos cuidados maternos, sendo que em muitas espécies nem sequer está presente o progenitor.





Não sou por nenhuma destas sociedades, embora eu acredite que numa sociedade matriarcal havia mais igualdade do que existe na nossa sociedade de cariz ainda patriarcal.

O que eu não acredito é numa igualdade no sentido que lhe querem dar. Pura e simplesmente porque a natureza não nos fez iguais. Mas também não nos fez a uns seres superiores e a outros seres inferiores. Apenas diferentes.

Acredito que cada um tem o seu papel, igualmente precioso. Mas isso não significa uma igualdade 50/50. Isso é impossível, e foge ao que é natural (sim, falo do natural, não do social).

Pode-se conquistar o respeito.
A igualdade, não.

Uma igualdade significa o respeito pelo outro: assim como uma mãe deve preservar a figura do pai, permitindo o contacto deste com os filhos, o pai deve entender que, por natureza, estes devem (salvo excepções, e a vontade destes) permanecer com a mãe, não sendo esta OBRIGADA a permanecer nas proximidades. Ainda que ela permaneça, alguém acaba por ser obrigado a fazê-lo, e esse alguém será o seu novo companheiro ou marido, que, por amor -ou capricho de um ex-, terá de se sacrificar.

Em nome dos filhos (do Superior Interesse destes, assim o dizem), eis então o retorno da lei do pai (ver entrevista a Martin Dufresne no meu post "EM NOME DOS FILHOS, OU O RETORNO DA LEI DO PAI").

E ainda dizem que são as mães que detêm todo o poder, que elas é que mandam e desmandam como querem...
Será mesmo assim?

No meu próximo post trago-vos um ou dois casos, que vos irá fazer pensar. Um até nada tem a ver com o outro. Mas ambos fazem pensar, e de que maneira.

RECUSO-ME A SER BARRIGA DE ALUGUER!!!!!!!!!!!!!


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