segunda-feira, 29 de novembro de 2010

RESPOSTA A UM COMENTÁRIO AD HOMINEM E AD IGNORATIUM!

"Uma vez tomada a decisão de não dar ouvidos mesmo aos melhores contra-argumentos: sinal do carácter forte. Também uma ocasional vontade de se ser estúpido." (Friedrich Nietzsche)


"Nem todas as verdades são para todos os ouvidos." (Umberto Eco, O NOME DA ROSA)









Permiti-me trazer este comentário que me fizeram, talvez o melhor até hoje!

Cara amiga,

faz tempo que não invisto tanto tempo num comentário.
Isto se fez necessário, pois desconfiei que pouco, ou quase nada compartilhávamos de valores civilizatórios.
Dada a facilidade de discordar de ti, desconfiei que poderia ter algo de errado.

As releituras foram solidificando as ideias, que com a repetição, tornaram-se óbvias.

Quem é este ser, que assim escreve?
Que usa o amor para derrubar a isonomia.
Que defende uma intervenção estapafúrdia do estado no espaço privado. Não para produzir o bem, mas para estabelecer um desequilíbrio sexista e preconceituoso.

Recorres a cortes anônimos de manifestações sem nenhuma representatividade para sustentar a tese de um natural privilégio sendo agredido.
Um privilégio quase divino, tão sagrado que os valores seculares que nos trouxeram até aqui, e que duvido observar a autora abrir mão dos que ela aprecia, devem recuar em refluxo, pois uma força maior exige repeito.

Produz em mim a dúvida:
A escritora é capaz de perceber as lamentáveis manobras de retórica que no texto lança mão, ou trata-se apenas de um caso não nem mesmo identificar o que faz. Malícia ou inocência?

Copiei o texto e mandei para um amigo, um ser mais culto, mas menos elegante que eu no uso da palavras.

Seu retorno:
- trata-se de um ser pequeno, horizontes pequenos, raciocínio pequeno, capacidade cognitiva pequena e autocrítica reduzida. Vale entretanto destacar o formato poético e o provável exuberante umbigo. O suficiente para obliterar sua visão da realidade.
Tal forma de vida só é capaz de se sustentar num ambiente muito propício, numa sombra. Pouco debate, pouca ou nenhuma contestação. Provavelmente de forma anônima ou nos braços de um público que quer ler este tipo de disparate. Não vale a pena. Passe sem comentar.

Ponderei e, ignorando o conselho, posto aqui.

Sugestões:
1- Aprofundar sobre as bases da igualdade dentro da civilização ocidental. Custos e necessidades.
2- Procurar avaliar que as intervenções na sociedade sempre trazem custos colaterais. Tais intervenções hoje já possuem um histórico do tipo: Bom - não bom. Legislação intrafalimiar é muito sensível.
3- Não existem, na maior parte das vezes, homens e mulheres. Existem pessoas e pessoas abusam do sistema. Intervenções devem ser feitas levando isto em consideração.
4- Listar homens anônimos com falas que, colocando o medo, endossam as tuas posições, não fortalece as tuas posições, demole a tua credibilidade.
5- Definir melhor o teu objetivo. Se for proteger a criança, reavalie. Tenho uma filha e qualquer estrutura que nos leve, eu e/ou a mãe, a pensar duas vezes é bom para a criança. Somos falhos e, pela Metodologia Delphi, assim a criança obtém o melhor.
6- Se surgir qualquer outra posição que deveria sustentar o tratamento diferencial da mãe fora da amamentação, gostaria de lembrar que o homem tem 4 bilhões de neurônios a mais. Não faz sentido reabrir a porteira e iniciarmos o combate de bobagem com bobagem. Assegurar a isonomia e exigir a transparência são os únicos passos que o estado pode aplicar em larga escala.

Abraços,
Cosme, Pai de Sofia.
Nascido de um ventre materno generosamente irrigado pelo falo paterno.







29 de Novembro de 2010 11:46
fénix renascida disse...
Espantosa, esta resposta.
Eu diria até grandiosa.

Permita que este ser pequeno faça da sua resposta uma coisa grande, tornando-a post.

Grande, à sua altura.

De pequena que sou, nunca tive dimensão para responder tão imensamente mal a quem quer que fosse que tivesse uma opinião diversa da minha.

Num estado de Igualdade, creio ser um direito meu ter a minha pequena e tão humilde opinião sofre um assunto de grande importância: o Superior Interesse da Criança.

Tenciono continuar a fazer uso desse meu direito, respeitando sempre o direito dos outros (o que não significa que eu dê por certo tudo o que me dizem, ou melhor, tudo o que me mandam fazer).

Nascida do ventre materno, e ponto.

Leia o meu post sobre os espermatozóides (OS ESPERMATOZÓIDES MOVEM-SE SIM... COM A AJUDA DA MAMÃ!), para ter uma melhor noção de biologia.
Caso não saiba, a sua mãe deu uma grande ajuda ao seu pai. Para ser mais exacta, mesmo a sua avozinha, a mãe do seu pai, deu o seu contributo. Sem essa preciosa ajuda,vinda do lado materno, o caro amigo não estava aqui. Nem o amigo, nem os restantes, incluindo eu.

POST_SCRIPTUM: Caso o caro amigo não tenha ainda reparado, o mundo está cheio de pessoas "pequenas", que dizem os mesmos "disparates" que eu. Muitas dessas pessoas são especialistas. Como vê, não sou a única. Se fosse, sentir-me-ia muito honrada com a atenção dada à minha pessoa, "pequena" como dizeis.

De resto devo agradecer-lhe as suas palavras -difícil, ainda assim, de encontrar o sentido no emaranhado-, pois que ilustram, com exactidão, aquilo que eu tenho dito até aqui, e com mais exactidão ainda aquilo que Martin Dufresne disse no seu artigo EM NOME DOS FILHOS OU "O RETORNO DA LEI DO PAI!", particularmente a parte em que o caro amigo diz que o falo do seu pai "generosamente" irrigou o ventre de sua mãe.

Detenho-me no termo "irrigado", cujo sinónimo só poderá ser "regado". Significa que o falo do senhor seu pai - e o seu, está bom de ver- se comparam a uma mangueira ou a um regador. Interessante, a imagem.

Ao contrário das plantinhas, só houve uma irrigação.
E a semente cresceu como? Por obra do Espírito Santo, calculo.

Qual das partes teve, então, maior participação aqui: a terra (o ventre materno) ou a água (o que sai do falo paterno)?

O amigo lembra que o homem tem 4 bilhões (em Portugal dizemos biliões) de neurónios a mais do que a mulher. Isto porque o homem tem uma cabeça grande, comparativamente à mulher. Ora ter a cabeça grande não é o mesmo que ter uma grande cabeça. Em inteligência, homem e mulher pouco diferem, embora os estudos mostrem que são mais elas que acabam os estudos, enquanto eles os deixam a meio. Se isto não é um claro sinal de inteligência, pelo menos será de perseverança. Apesar dos 4 biliões de neurónios a menos...

Uma outra razão que explique o facto do homem ter mais neurónios do que a mulher: ao homem foi permitido evoluir, enquanto a mulher, considerada inferior, era mantida em casa, sem acesso a grandes estudos. O amigo pode, porém, constatar aonde a mulher conseguiu chegar, apesar de não ter um córtex tão evoluído. Como em tudo, o cérebro não se mede pelo tamanho, nem pelo número de neurónios.

Vejamos o caso de uns quantos homens que, talvez pelo número de neurónios a mais, se matam nas estradas por excesso de velocidade, ou outros que, por uma coisa de nada, mas feridos no seu orgulho de machos, se pôem a matar os outros ao desbarato. É incompreensível que estes homens, tendo tantos neurónios, se continuem a matar ou a matar os outros. Provavelmente só terão um terço dos seus neurónios a funcionar, ou talvez nem isso.







Entretanto trago-vos a resposta que dei a um outro senhor, que me teceu um comentário no mesmo post:


Caro amigo Paulo Roberto Consul.

Se puder perder o seu tempo -só lhe peço mais um pouquinho do seu precioso tempo- remeto-o para a leitura do post EM MINHA DEFESA SÓ POSSO DIZER: SOU PEQUENA, E COM MUITO ORGULHO.

Penso que fica aí dada uma resposta à altura. Sem nunca faltar ao respeito, que não é de minha natureza e não foi assim que me ensinaram a ser com os outros.

Carece aqui esclarecer que eu não sou contra a guarda compartilhada em si, e sim contra a lei que obriga todos os casais a seguir este tipo de guarda.

Digo, e repito: é uma asneira impôr um modo de guarda a todos os casos.

Este modo de guarda sempre existiu, como também a guarda alternada ou mesmo a guarda ao pai (no filme À PROCURA DA FELICIDADE uma mãe cedeu -há quem diga que sob pressão- a guarda do filho ao pai). O meu último post é mesmo sobre este filme, que eu vi ontem à noite.

A Justiça deve manter as múltiplas hipóteses, sempre a pensar no que de facto é melhor para a criança (nem sempre são as condições materiais ou o tempo disponível de que dispomos, o amigo não acha?).

De forma alguma deve impôr. Não se faz com gosto o que nos é imposto. Muito menos à pressão.

Lamento, meu caro amigo, mas tenciono dizer as minhas "asneiras" até que lhe encontrem o sentido.

Vejam o que mentes grandes fizeram à Joana, este ser frágil e pequeno, e digam-me o quanto pequena eu sou:



NOTÍCIA
A médica Cristiane Ferraz, mãe da menina de cinco anos que morreu na última sexta-feira (13) após passar quase um mês em coma em um hospital do Rio, disse nesta terça, em entrevista à apresentadora Ana Maria Braga, da Rede Globo, que a filha foi vítima do Judiciário brasileiro. A criança começou a passar mal quando estava com o pai, que obteve na Justiça a guarda provisória por 90 dias.

Corpo de menina atendida por falso médico é enterrado
Médica acusada de contratar falso médico presta depoimento
Médica acusada de contratar falso médico é presa
Morre no Rio menina com suspeita de maus-tratos

"A J. foi vítima da legislação desse país, foi vítima do Poder Judiciário do país. A juíza mandou tirá-la de dentro de casa e entregá-la para ser morta", afirmou Ferraz. "Eu vou acreditar em quem, vou recorrer a quem agora?", questionou.

Reprodução/Divulgação

Imagem divulgada pela polícia do Rio do estudante de medicina que atendeu a menina de cinco anos que morreu nesta sexta
O caso está sendo investigado pela DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima). Uma das hipóteses investigadas é que a menina tenha sido vítima de maus tratos por parte do pai. A polícia também constatou que ela foi atendida por um falso médico no hospital RioMar, da Barra da Tijuca. O estudante de medicina Alex Sandro Cunha da Silva já teve a prisão temporária decretada, mas está foragido. A pediatra Sarita Fernandes, apontada como a responsável pela contratação do falso médico, já está presa.

A suspeita de maus tratos surgiu depois que a mãe encontrou marcas no corpo da criança quando ela já estava em coma no hospital Amiu, de Botafogo. Ferraz já estava há quase dois meses sem ver a filha, proibida pela Justiça. A juíza que cuidou do caso tinha determinado o afastamento com base em laudo psicológico que apontou que a menina sofria de síndrome de alienação parental, quando um dos genitores coloca o filho contra o outro.

A criança foi então entregue ao pai, André Marins. Ele nega que tenha agredido a filha e diz que ela teve convulsões.

O delegado Luiz Henrique Marques Pereira, responsável pelo inquérito, aguarda laudo do IML para determinar se as marcas encontradas na menina são resultantes de maus tratos e se elas tiveram relação com o quadro neurológico que a levou à morte.







Falarei até que a voz me doa.


Porque há uma outra Joana, num outro canto qualquer, vítima de decisões como esta, grandes na estupidez e na falta de sentido.
Grandes, a ponto de causarem tragédias como esta.

Prefiro ser pequena.
Prefiro gente pequena, que tome decisões à medida de cada caso.

Porque cada caso é um caso.

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