sábado, 14 de maio de 2011

NI PÈRE, NI REPÈRE: COMO PODE UM FILHO IDENTIFICAR-SE COM O PAI?

Assim o dizem: o rapaz, sobretudo, precisa da figura paterna para se identificar.

Mas se, nos dias de hoje, um pai pode exercer o papel ou a função da mãe, e vice-versa, se ambos são iguais e não são as diferenças físicas que os definem, tudo o mais sendo estereótipos impingidos pela sociedade e contra os quais urge, insistem, uma mudança, para que raios, então, precisa um rapaz da figura paterna?! O que há-de um rapaz procurar no pai que não encontre na mãe?!

E se ele encontra no pai algo que não encontra na mãe, é justo pensar que não encontrará no pai aquilo que só pode encontrar na mãe! Que se a mãe não pode tirar o pai a um filho, o pai também não lhe pode tirar a mãe!

Dizia eu no último post (O MEU PAI É MAIS FORTE DO QUE O TEU) que os miúdos têm por hábito comparar os pais. E o que é que estes têm, que a mãe não tem? A força. E as mães, o que têm elas? O resto. Mas esse resto vale menos do que a força num mundo competitivo como o nosso.

A identificação, sabemo-lo, faz-se através da observação das atitudes e dos actos. Um rapaz identifica-se com o pai, porque espera-se que ele um dia venha a ter as mesmas atitudes e a agir da mesma forma. Ora, o novo pai tem atitudes e actos iguais aos da mãe. Se o pai é a imagem da mãe, e a mãe a imagem do pai, forçosamente ele irá identificar-se com ambos, creio eu. Ou com nenhum.

As associações de pais insistem neste ponto: uma criança precisa de ambos os pais para se identificar. Ni père, ni repères, insistem.

Estou mesmo a imaginar um miúdo a dizer "o meu pai limpa melhor o chão do que o teu! Quero ser como ele! Ele é o meu herói", e o outro a responder-lhe "o meu bate o teu a mudar fraldas, merda!"

Não reza a história que algum miúdo alguma vez tivesse querido identificar-se com a mãe, e a história diz-nos que era ela quem limpava o chão e quem mudava as fraldas, como o faz ainda a maior parte das mulheres. Nunca vi nenhum miúdo orgulhar-se do trabalho da sua mãe (que não exige a força de um homem, mas exige muitas horas e muita paciência), dizendo que ela era a sua heroína, melhor do que qualquer outra mãe, e que queria ser como ela! Ora, se um miúdo nunca o fez nestes termos com a mãe, porque há-de ele fazê-lo com esse pai que faz o papel de mãe?

Hoje o pai surge como um "faz tudo", substituindo a mãe na ausência desta (forçada, na maior parte dos casos). E a mãe?! Para além de não ter a mesma força física, será ela incapaz de substituir o pai, de exercer o papel dele tão bem como se pretende ser ele capaz de exercer o dela?!

É um facto: nunca vi nenhum miúdo a comparar as mães, mesmo tendo elas conseguido um lugar de destaque na sociedade, mesmo estando elas em posição superior à do homem. Ainda é a força do homem que impera. Mesmo que queiram apagar as diferenças físicas, elas permanecem. O que conta é a força física, o resto (o que é representado pela mãe, mesmo tendo ela conquistado outros papéis) não conta.

E contudo é esse resto que importa...

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RECUSO-ME A SER BARRIGA DE ALUGUER!!!!!!!!!!!!!


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